sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Never more, never more.

Não era um corvo, nem um homem jovem com tuberculose.
Não estava sob efeito de bebidas, remédios ou ópio, só o cansado e as olheiras de sempre.
O pássaro colorido beirava na janela dela.
Ela escrevia. Não no cenário de tons de sépia com papel velho, pena e nankin. Mas nesse cenário as paredes eram rabiscadas cheias de livros em tons de vermelho e seu papel era branco com azul.
Escuro, esse é um detalhe importante.
Os olhares fixos do passarinho eram perturbadores.
"Never more, never more" começa ela.
"Passada a semana, o olhar não queima tanto quanto antigamente. Ficou perdido e sutil."
A garota olha para janela, começou a nevar. O pássaro esta desamparado e com frio.
"Adorável morder o bicho papão de meus tormentos."
"Chega de romantizar. A ave pingava suas cores azuis, laranjas e amarelas desbotadas. Suas penas não brilhavam, de seu bico rachado saia uma gosma vermelha de seu próprio sangue. Ela não podia voar na beira do horizonte pois estava presa a essa imagem que a feria."
Um sorriso contentou a garota.
Ele está tão miserável quanto você.
E chega.
Nunca mais.
Nunca mais.
Nem se as imagens voltarem? 
"Cantarolavam no banco da árvore igual a velhos bêbados. Estavam livres, estava quente..."
Nunca mais, nunca mais.
"E quem estava do seu lado, e quem parasempre estará?"
Lagrimas de desespero derramavam tinta dos olhos da garota. Azuis, laranjas e amarelas. Encarou seu lado, sua janela fechada do outro lado a ave rindo.
"Nunca mais..." 
Um soco faz ela bater suas asas para baixo. O vidro treme enquanto a nova visão de fora se constitui; É o reflexo dela.
"Não..." 
Mas tudo que ela vê é um pássaro desbotado chorando sangue de seus lábios vermelhos cortados.

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