terça-feira, 13 de agosto de 2013

A Sutilidade de um Álbum de Fotos

De baixo de um alto guarda-chuva cinza igual ao arredor nublado, ela chovia de sua própria maneira.
Só algumas bobas lágrimas, uns passos de pés e um sorvete já deveriam cura-la.
Mas era um situação um pouco mais complicada pois na sua frente descansava sua mãe em um objeto peculiar parecido a uma caixa.
Parasempre. 
Ela nunca tinha visto uma cena assim.
Pois bem, nunca presenciaria.
No outro pedaço de papel em suas mãos a sua mãe mais nova com seu sorriso colorido; recheado de tutti frutti.
A garota não sabia o que era tutti frutti.
Como poderia saber?
E nunca saberia o gosto cor de rosa da borracha açucarada...
Seus dedos folheavam encantada as fotos.
A morte e a infância.
Ela não entendia muito bem o que eram aquelas coisas em suas mãos.
Fotos.
Fotos em um material liso, que ela podia tocar.
Que não emitiam luz.
Que ela não poderia reblogar, twittar, curtir ou comentar.
O que será que seu pai fazia com essas engenhocas?
Ela poderia comê-las
Mas meu bem, aposto que não são apetitosas.
Ela poderia cheirá-las
Pó, papel, e o fedorzinho de velhice.
Também não muito agradável.
Com um suspiro, ela desiste de tentar entender qual era o propósito daquilo fora da tela.
Opta por guardá-las.

No final do dia, descobre seu verdadeiro valor quando as entrega para o pai,
Que dengoso coloca-as perto de seu coração para dormir de noite.

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