segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Esquema do natal

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Naquele corredor cheio os arredores se tornavam miragens sem foco desimportantes e você andava com a cabeça baixa em minha direção.
Da periferia da minha consciência eu sabia que era você.
Mas como se nunca o tivesse conhecido nós cruzamos lentamente.
Nenhum se atenta olhar
Porque afinal, realmente, somos estranhos
Nada
Só sua aura impenetravelmente vazia como um saco sem batatas
E assim completa-se o esquema do natal.

sábado, 28 de setembro de 2013

O Que Você Quer Ser Quando Crescer?

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Meu único desejo,
É que no final do espetáculo
Eu receba uma carta.
Não precisa de nome
Não precisa de flores e manchas de batons
Nem tempo gasto com uma criação recortada nas margens de bordado.
Deve apenas ser especial.
Um relato carinhoso de como se conheceram.
De como se amam
E de como sempre estarão juntos.
Uma forma de agradecimento somente.
Se esbarraram naquela livraria quinta-feira de manhã.
Acharam o último exemplar do livro na estante e envergonhados brincaram por um tempo de "É seu".
Mas no final decidiram dividir a história e trocaram telefones.
E aquele momento mágico nunca teria existido se não fosse por mim.
Vocês nunca seriam os mesmos se não tivessem por acaso passado os dedos suavemente sobre as minhas páginas.
Eu não quero o glamour
Só quero a felicidade nos outros
Que comer um pacotinho de chocolate trás.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Bagunça

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Nas entrelinhas vejo sua silhueta desfocada muito perto de meus suspiros escuros, nos beijos sinto o molhado ataque vermelho das bolinhas ásperas em sua língua.
O sentimento azedo dos açucares artificiais de cobrinhas azuis e o deslizar no escorregadio chão de sabonetes.
A água hora quente, hora fria tirando a visão dos meus cabelos compridos enquanto sinto contra mim você macio dos cobertores.
O toque do transparente, fosforescente vontade batendo do seu coração maratonista.
Quero devorar o ritmo eletrônico dos seus olhares cinzas supersônicos.
E essa será a nossa dança.

sábado, 14 de setembro de 2013

Droga

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Ela é o remédio de seu estado natural, comprimida um um casco azul bebê que não se assimilha ao abraço apertado e quente. Uma camisa de força, a prisão que ela supostamente necessita.
Não estava nos manuais, nenhum tipo de aviso, imprevisível chegando sem sinais
Ela é a sua droga
Cintila derretendo no seu corpo
Te causa borboletas no estomago
Aeronaves estáticas
Onomatopeias vibrando da cabeça aos pés
Te causa um empurrão contra os algodões
Perda da coordenação amorosa
Espasmos, dor de cabeça, visão turva, movimentos descontrolados
Raiva inquietante pulsando no topo de suas unhas roídas

Porque culpa-lá?

Você escolheu toma-lá.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Misologia

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Dentro de uma casinha de cachorro a pequenina se escondia.
Mortificada com os ataques.
A voz grossa e fina que arranhou suas pernas,
O olhar frio e seco que queimou sua pele,
As bochechas gordas e rosadas que junto de seu corpo rechonchudo a amassou,
Essa perseguição é desespero.
Esta em toda parte
Na cor do telhado da casinha
Na esponja da cozinha
Na marca da farinha
Chega com esse sofrimento
Que já virou privado passatempo
Me deixa em paz
Antes que de fantasma você leia uma tumba
Com seu nome inteligente
Para não voltar nunca mais.
O truque de mestre que Stewart já aprimorou das mexidas no cabelo, dos beijos sem amor
Está nos espelhos pendurados
Nas fronhas e edredons
Nos fios das cortinhas desenhados
Em tudo e já cansei.
As estupidas lagrimas que alagam a casinha de cachorro fazem de lembrar como a graça é só minha.
Os piões que se movem podem acertar
Mas no epílogo
A princesa da comédia que não para de rimar
Vai,
Vai,
Vai,
Posso falar?
Aha!
Vai vitoriar!

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

6.9

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Um casal de mão dadas no inverno anda entre o transito e as calçadas. Eles entram na farmácia sem pensar que foram vistos.
Ousados, mal sabem que na distância entre as folhas tem alguém desculpe o linguajar, pensando em merda.
Afinal, o que será que faz um casal de adolescentes indo até a farmácia de mãos dadas.
Eles estão comprando camisinhas.
Só podem estar comprando camisinhas.
Com todos aqueles ferormônios aposto que eles vão se esquentar nus um no outro.
Hoje, tem que ser hoje.
Será que já fizeram isso antes? Deveria ter ficado aqui observando mais todos aqueles meses desde que eles estão namorando.
Mas que coisa, quanta pergunta, quanta curiosidade!
Eu sei que eles estão comprando camisinhas.
Oras, eles obviamente estão comprando camisinhas.
Qual será que vão comprar?
Morango? Não...
Por favor, que eles não comprem as de morangos.
Nem aquelas que brilham no escuro... Eu vomito só de pensar.
C-R-E-D-O.
Mas quanta demora, eles ainda não saíram de lá.
Será que não aguentaram e fizeram doce amor entre os remédios mesmo?
Isso, seria inusitado.
Duvido.
Mas não duvido que estejam comprando camisinhas.
Gente, ninguém notou ainda?
E eles vão sem vergonha nenhuma, como podem?
Eles não tem mais que 16 anos.
E ESTÃO COMPRANDO CAMISINHAS.
É, antiquado meu pensamento, tó sabendo...
Mas não é todo dia que você vê um casal jovem indo junto a uma farmácia para comprar camisinhas...
Ou será que é? Como eu poderia saber.
Talvez devesse ter ficado mais aqui observando o movimento.
Mas isso ainda não é o suficiente.
Quero saber.
O que eles vão fazer?
Que pergunta. Dãh.
É muito claro o que eles vão fazer.
Adolescentes pingando e rindo sem rugas
Despercebidos
Que acham que sabem de tudo...
Olha! Eles estão pagando.
Até que enfim.

O que...?
Esfrego meus olhos tentando entender
Mas ao invés de dois adolescentes vejo agora em suas mãos...
Pasta de dentes.
E toda a imagem muda.
Seus cabelos ficam cinzas, seus corpos arqueados e seus sorrisos mais marcados.
Enxergo suas almas puras e velhas,
De um inocente casal
Que foi na farmácia para começar suas vidas.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Não É Difícil

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Se algum dia abrir a sombra para dúvidas
Amarre firme os meus cadarços
E de uma bisbilhotada no espelho.
Repita que me ama,
Penetre com seus olhos cinzas
Repita que me quer
Adicione o franzir das sobrancelhas e as mordidinhas no lábio
Estale os dedos
Já se apaixonou?

Se algum dia duvidares
Lembre de tudo
Meses juntinhos em um fechar de retinas.
Minhas gargalhadas,
Cócegas animadas
Basta reviver um instante
O vai e vem apertado na rede
Ou até um poema no final de um dia ordinário serve.

Se tu por pinonhas duvidar
Ouça minha voz
Enquanto imploro
Enquanto arremesso em você palavras picotadas de um fundo cinza e verde.

Como poderia duvidar,
Se eu te amo até a lua ida e volta?

terça-feira, 3 de setembro de 2013

5 Minutos de Fama

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Valeu a pena?
Montar cena
Flashs, ISO 100, a exaltação?
Criar um palco como obrigação
Deixar um colega na mão?

Valeu a pena,
Me fazer escrever esse poema?
Exalar meu sofrimento
As cartas ao experimento

Podem prender meus braços
Eu não irei ver.
Podem grampear meus olhos
Eu não irei ver.
Podem dizer que não é
Eu sei que é,
e não, não vou ver.

Valeu a pena?
Essa necessidade extrema
De estar nos holofotes
St. Pierre e Charlotes
Ditadores de barbichas e bigodes

Querem reconhecimento de verdade?
Não se adquire sozinho nessa idade
Pensamento prepotente
Fique contente então,
Com seus 5 minutos de fama
Eles já acabaram a uma eternidade.
 

Uma Pequena Blooper © 2010

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