quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

05:23

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Foi fazer café as cinco da matina
Pra durar a noite
Tu tocando ukulele
O nosso gato brincando de se esconder

E esses seus olhos de ressaca,
Para não dizer que nunca falo deles
São uma caixinha de surpresas
Sob a luz de sol

Camaleão barbudo
Vamos nos aninhar um pouco agora?
Sem o cinema,
Só tomando chimarrão.

domingo, 22 de novembro de 2015

Sentimentos Pálidos

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A água do chuveiro queima escorregando nas minhas saboneteiras. Eu tô suja, tremo e minha voz pragueja um grito silencioso. A água passa pela minha pele raspando.
Primeiro saí o anil,
denso,
pesado.

Me limpa, me escova,
purifica,
conserta,
renova.
Só que não consigo me mexer
Empaquei em você e no anzol que usaste para fisgar minha atenção
O ralo me puxa e você suga todo o arco-íris dentro de mim
Caí o amarelo do meu sorriso
Vermelho das minhas bochechas
Verde dos meus olhos
Azul das minhas veias
e Violeta do meu cabelo

Estou pelada,
indefesa.
Cortou-me a casca para abrir
O borrão de filme de época que agora sou
Dançando numa caixinha de música minimalista
Em preto e branco.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Fantasia

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Essas gotas salgadas são de verdade?
Faz cinema e atua por diversão
O que devo esperar da sua outra metade?
Se espelha no real e reflete encenação

Esses soluços minguados são pelo amor?
Me parecem saudade
Dos cortes, ataques - da dor
Saída fácil, se apaixonar pra esquecer
Mas quando se esconde as lembranças sempre voltam
Mesmo que um pouquinho
Mesmo que sem querer.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

ESCURO-ESCURO

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Suspirando ofegante entre os paletós ela se segurava contra a pequena abertura do armário tentando se manter estática. 
- Vinte e oito, vinte e nove... trinta! Lá vou eu! - ouvia seu irmão vindo de bem longe.
Sorria nervosa no escuro escondida. Possuía um pequeno campo de visão do banheiro da casa da sua madrasta: a banheira bege com uma toalha amórfica repousada no canto e as cortinas de plástico com desenhos de flores que pareciam morcegos lúgubres na penumbra.  
Os passos do irmão ainda distantes somados a sua respiração arfante eram os únicos sons transpondo o silêncio profundo da casa de madeira. Ela esperava tão angustiada e sapeca, queria dar uma bisbilhotada para fora do armário, mas não arriscaria ser vista. 
- Mariana! - Grita o irmão entre gargalhadas. 
 Típico, a Mari era péssima em se esconder. 
Eles continuaram juntos a procura. Cada hora ela ouvia eles andando e chegando perto. Achavam todos rapidamente, menos ela.
Impaciente ela pensava em sair do esconderijo e se revelar. Era a única ainda escondida. Prestes a expor-se ouve os passos chegando mais perto, o piso de madeira estalando a cada pegada. Ela segurava seu coração no peito enquanto o banheiro era preenchido cada vez mais pelo escuro. Frenética, agarrava as mangas dos paletós de seu pai e enfiava suas unhas fundo no tecido. O escuro se aproximava lentamente até parar bem ao lado da fresta. Ela conseguia sentir a respiração dele do seu lado.  Estava a beira de desmaiar de tanta ansiedade, quando percebeu.
Conseguia ver uma figura disforme no reflexo da torneira da banheira bege - escuro e imenso. Muito maior que seu irmão.

domingo, 16 de agosto de 2015

Vinho Branco Suave

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O ventríloquo bêbado tem a voz mais bonita
Ele canta suave sem o boneco em mãos
Seu sorriso contagia, suas lagrimas me contaminam
O ventríloquo bêbado se torna humano
Gesticula os lábios com gosto
Gosta de abusar das covinhas
E eu gosto dele.

O ventríloquo bêbado solta seus pensamentos em alto e bom tom
Não mentes, não finge um disfarce
O ventríloquo, bêbado, enlouquece
Bate nas paredes e chora
Tudo que guarda para sí explode em cena
O ventríloquo segura o bonequinho tão forte que suas palmas ardem

Garoto, é tão novo
Sinta
Grite
Beba mais,

Ou vem tri louco me abraçar.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

A Procura de um Estalo Nostálgico

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Como se a memoria fosse voltar por meio do sabor
Ingeri 27 pedaços de pizza
E delirei com a imagem dela repladecendo entre minhas cortinas.
Apreciei cada momento de seus pequenos suspiros de oregano até o momento em que acordei, jogado, fedendo, gordo, estufado, sozinho.
Vomitei queijo espumando com massa tingida de vermelho
Me segurei em pé no apoio de toalhas do banheiro

Como se a memoria fosse voltar por meio do cheiro
Triturei a toalha azul clara que usava
Me droguei com o pó azul
E delirei com a imagem dela surgindo no espelho
Estendeu-me a mão, apreciei cada momento do seu toque até o momento em que acordei, jogado, fedendo, gordo, estufado, dolorido, atordoado, sozinho.
Assoprei o catarro espumando com gotas de sangue
Me arrastei até o sofá da sala

Como se a memoria fosse voltar por meio da audição
Esfreguei-me no sofá até a ardência
E delirei com a imagem dela se compondo em cima de mim
O corpo dela com o meu criando música do ranger no chão
Apreciei cada momento do seu gosto até o momento em que acordei, jogado, fedendo, gordo, estufado, dolorido, atordoado, assado, sozinho.
Limpei o grosso de ralados na minha pele
Fui a cozinha

Como se a memoria fosse voltar por meio do tato
Peguei a faca da bancada
E delirei com a imagem dela beijando meus lábios quando caí ao seu lado
Apreciei cada momento do seu cheiro putrefeito até o momento em que morri com ela.
No chão nossos pingos de sangue formavam pequenos corações.

terça-feira, 24 de março de 2015

Danger Zone

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Eu piso no chão
E o chão é lava
Queima devagar, arde, forma bolhas.
Eu piso no chão, mas de chinelos
Pulo em cima dos sofás e tapetes que nem criança
Mas a porra é seria

Você me ama, me fala, me sente
Sente saudades
Eu pisava nos seus pés
E você me carregava
Era tão simples, sutil, sossegado
Eu era estupidamente feliz
E não compreendia

Eu piso no chão
E está tão longe
Distante, quieto,
Com as feições quase que esfumaçadas

Não sei se do tempo ou das lágrimas

Eu piso no chão e dói
De pensar que pode não dar certo

Nossa brincadeira de criança
Tá tão real, tão podre, tão cinza
E eu choro e choro
Acreditando que talvez a água alivie a angústia
Acreditando que o chão se tornará mármore como antes

Mas eu piso no chão
E os dias passam
As pessoas mudam
Meus pés cansados não agüentam mais

Eu vivo
Não vivemos
Acho que não estamos
Estaremos
Para trás

Eu piso em ti
Nas tentações, nas magoas
Será que caminharemos juntos?
O que resta é só lembrança?
Andaremos lado a lado novamente?
Ou cairemos?

Eu piso no seu pé
E você pisa no meu.
Tropeçamos, choramos, e a lava nos cobre por inteiros

Eu pisava no chão
Mas minha cabeça vivia na lua.
Eu te amo
E meu amor ronrona dentro do meu estômago
Ele é tímido,
E morres de medo de te perder.

Eu deito no chão
E o chão é lava
É mais refrescante do que o fervor pavoroso que passa na minha cabeça ultimamente.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Bah

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Não estaria suado pingando o braço nos meus quadris
De olhos semi-serrados sinto o toque quente e úmido que não es teu.
Grosseiro, bêbado, forte

Não está, mas te juro que queria que estivesse comigo
As mãos delicadas macias junto das minhas
De olhos bem fechados, me guie, me salve, me beije

Não sei, me sinto tão sozinha
Nesse enorme pavilhão
Eles me abraçam me beijam
Mas poderia ser você
So você
Me sentiria segura
Uma insaciável sensação.

A cada passo que dei
A cada amasso que ganhei
Soltei trezentas lágrimas

Pensei no meu espaço
Em que so você pode entrar
Mas eles bateram na porta
E você não está aqui para não deixar.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Impotência

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Você diz muitas palavras
As letras saem da sua boca quase transparentes, pesadas, difíceis
E a gravidade as puxa para o chão.
Você tenta se expressar
Mas tudo que fala sai de ti gozando da tua cara
A vida passa despercebida
Nem ao menos você consegue ver sua invisível existência nos espelhos.
As palavras são duras mas não te servem de nada
O que o arredor sussura é grande notícia
As palavras dos outros te moldam e moldaram-o por completo
As inseguranças, medos, gostos, morais, crenças
Foram todas palavras sobrestimadas geradas por algum alguém
Você grita tanto
Afoga o rosto na água para gritar em silêncio
Porque viu o rosto amassado de uma loira em alto mar fazer na televisão
.
O mundo sofre
Seus problemas e sofrimentos não são singulares
É um momento apenas compreensível por si só
.
Estamos sozinhos
Você emite ruidos
Range os dentes
Chora
Igual ao meu cão.

 

Uma Pequena Blooper © 2010

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