domingo, 27 de abril de 2014

Is this it?

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Me seguro a minha poltrona amarela, e estou encolhida sozinha em pleno outono.
Enquanto as folhas caem e a brisa passa, me arrepio.
Gostaria de saber como vim parar aqui
Aqui, no sentido figurado da cadeira imaginária em que me encolho solitária.
Meus lábios estão secos, e com a garganta rouca e ressacada seguro a tosse.
Toda a água reserva foi gasta em gotículas inúteis que correram até ao meu queixo.
Sinto febre e a hipnose ataca meus poucos suspiros.
Cerro as unhas na poltrona que se tornou vermelha
Como chegou a isso?
Como os sorrisos que sorriam sorriem nos meus lábios ressecados?
Nenhum antibiótico faz mais efeito.
Aguardo
Enquanto as super bactérias do seu passado escalam as minhas forças
E não tem fim.

Cubo Mágico

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Tic tock
Tic tock
Tic... Tock
Revirava na cama sem poder descansar.
Vestiu seu óculos, lambeu seus lábios achatados ainda farelados de pão e andou inquietamente pelo corredor.
Tropeçou no seu novo livro.
Já estava cansada de passar tantas noites ao claro sentindo sua existência tão pouco vivida no qual até seus sonhos causavam-lhe desânimo.
Estava cansada também de ouvir músicas, andar sobre rodas e assistir TV.
Bufou centralizando seu cansaço na palma de suas mãos, e as chacoalhou para longe.
Com o indicador esquerdo empurrou o óculos que caia sobre seu nariz.
Aproveitou e viu as horas no seu pulso.
2:10 da manhã.
O tal do número que a perseguia por toda parte.
Hiperventilando, começou a chorar sem saber porquê.
Queria um motivo para viver.
Correu até porta então, destrancou-a e apertou o botão secreto para sua liberdade.
Aquela caixinha quase quadrada e metálica tornou-se seu portal.
Os espelhos a refletiam da forma que ela se sentia num caleidoscópio amarelo e azul marinho
E começou a subir
Parou no vigésimo primeiro
E entrou junto dela um garoto tímido em seus pijamas largos
Se olharam encabulados, ela mexeu na sua mecha vermelha do seu curto cabelo
Ele mordeu os lábios
Ela tombou na ponta dos pés
Ele apertou seu próprio joelho
Eles se olharam novamente, e desta vez soltaram um sorrisinho
2:21
Estava na hora
Deveria estar
Chegando mais perto, ela o beijou na bochecha
Ele fechou os olhos, suspirou
Ela também fechou, continuou beijando sua bochecha até ele delicadamente mover seu rosto para frente ao dela.

Acordou num pulo triste, vestiu seu óculos, e se abraçou.
Começou a chorar
Sem saber porquê
Queria um motivo para viver.
Se levantou e foi chamar o elevador
Mas ele ainda estava quebrado.

Quanta Ironia Anna

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Eu queria ver seu rosto ao abrir o livrinho que eu fiz
Curiosamente imaginava que derreteria em prantos como fez comigo.
Mas o seu rosto não existe mais.

Eu queria sentir seu abraço protetor ao passar a multidão
Instintivamente acreditei que seria quente como a água da garrafa que tomou comigo.
Mas o seu abraço não existe mais.

Eu queria ouvir sua voz rouca cantar nos meus ouvidos
Vagamente pensei que seria alta como o dia em que gritou comigo.
Mas a sua voz não existe mais.

Eu queria beijar os seus lábios agridoces
Agressivamente agi como o primeiro dia no qual brigou comigo.
Mas os seus lábios não existem mais.

Eu queria degustar das suas bochechas acinzentadas
Casualmente interpretei um cachorro como o cachorro que você foi comigo.
Mas as suas bochechas não existem mais.

Eu queria matar você
Secamente.
E matei
Agora você não existe mais \(•u•)/

Cantiga de Amigo

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Seu corpo foi levado para o campo de batalha
Sua alma desapareceu na confusão
Enquanto eu seguro em minhas mãos
Os batimentos
Do que sobrou do seu coração
E eu pedi para as nuvens te trazerem de volta
Mas elas tornaram-se cinzas sobre o mar
E o frio transformou meu planetário
Arrastada pelo inferno eburneo do seu olhar
O chão em que piso não existe
E as palavras prometidas são o único concreto
De que existiu
Alguma coisa.

Seu corpo foi levado para o campo de batalha
E o que me resta é a solidão
As rosas morrem no terreno que vivemos
Mas peço para elas guardarem a memória
Dos batuques do seu acordião.

Seu corpo foi levado para o campo de batalha
Uma inabalável contradição.
Eu guardei tudo
Selado em plástico bolha
Para quando voltasse
A minha recordação.

Seu corpo foi levado para o campo de batalha
E tenho certeza que foi armação.
Ato de macumba escancarada
Amargurices sem noção
A terra em que gravito não existe
E as palavras que escrevo são o único concreto
De que existe
Alguma coisa.

sábado, 19 de abril de 2014

Missing

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eu sinto falta das cenas ordinárias
dos dias deitados olhando o teto mastigando chicletes
do seu rosto ruborizado
do piso de madeira do seu quarto
e da curta distancia que nos obrigava a proximidade
eu sinto falta de correr sem folego
para morder seu nariz.
se eu soubesse escrever bem,
faria um cd
inteiro só sobre você.
ele não teria essas riminhas bregas
e essas palavras genéricas
a melodia lembraria os seus olhos
cinzas.
se eu tivesse voz...
eu sentiria falta de quando falava do seu lado
do seu abraço, dos seus ursinhos
ah, como eu sinto falta.
e já faz um ano
que a falta sente

do que ainda vai acontecer.
 

Uma Pequena Blooper © 2010

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