segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Segredo Insegredável

Os arrepios começaram naquele final de tarde frouxo de natal.
Vai ver por isso que ela nunca gostou muito do natal
O verde, vermelho e branco a causavam enjoou.
Talvez mera coincidência ou intensificador.
Sua tia também ajudou, isso é certo.
Ver suas cartas ao papai noel sendo rasgadas porque o velhinho era "uma imagem diabólica" ou o inconsistente fato de sua mãe estar presente claro que contribuíram.
Mas nesse ano em especial o natal era feliz.
Todos estavam reunidos, ela estava usando um vestido adorável e seu cabelo estava trançado
Até a tal da cachorra obesa da tia estava perambulando pelas salas
Porém os arrepios desesperadores não deixavam sua mente fluir.
Quatro minutos encarando a piscina se movendo ao vento e na próxima cena ela tinha tentado se afogar com apenas dez anos.
Ela não entendia ainda sobre essas coisas, mas algo estava errado.
E a cada pensamento ela queria mais e mais sumir com a memória de sua existência.
Tiveram vários casos porquê tudo aconteceu.
O que mais se ressalta foi a curiosidade, a música idiota da Rita Lee, e os malditos playmobils.
Mas tudo começou por conta da inocência da pequenina.
Um dia aleatório andando no sol das flores de sua avó ela foi surpreendida por um escorpião e por isso conheceu aquela criatura.
Vizinha da casa do lado, casa bizarrinha; a campainha era de baixo da caixa de correio e em cima do quarto tinha um porão.
A pequenina achava isso, o cabelo e os playmobils um máximo
Nunca saberia como os fios caiam perfeitamente sobre sua orelha
Agora não gostaria mais de saber.
A vizinha era estranha
Poucos recortes sabe-se dela:
A música de terror que cantarolava de lábios fechados
Os desenhos de bolas coloridas sendo impressos do paint
A blusa branca da polly que grampeou
O dia em que falou sobre o pó azul das borboletas
Seu sotaque forte e as vezes que falava francês
Sem explicação ou motivo aquele demônio decidiu-se aproveitar da pequenina
Não sabia o que era, mas ela certamente não gostava
E a única coisa que pedia de volta era poder brincar
Mas elas nunca brincavam.
A gota de água foi quando a pequenina viu ela da janela jogando frisbee com outra garota qualquer
Se divertiam.
Foi ai que notou que a francesa era uma filha da puta
E decretou ressentimento eterno.
No futuro aprendeu o que era sexo
O cair da fixa não foi fácil, mas os dias vão passando, e ela vai tentando se reconstituir.
Mas os arrepios sempre voltam, até hoje.
Com vontade de se afogar, ela saiu de casa e parou na confeitaria mais próxima
Comeu uma caixa inteira de macarons.

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